A ILHA DO CARVÃO

 Em 1974 a população de Florianópolis se despedia para sempre de outro “pedacinho de terra, perdido no mar”.
Um ano antes da inauguração da Ponte Colombo Salles (1975), foi demolido o único prédio que ocupava a Ilha do Carvão, uma área um pouco menor que um campo de futebol e que já tinha sido ‘incorporada’ à Ilha de Santa Catarina pela construção do aterro da Baía Sul, em 1972.
A Ilha do Carvão ficava a 500 metros da antiga costa da cidade.
Até meados da década de 1940, o local funcionava como depósito de carvão e servia para abastecer os navios a vapor que usavam o Porto de Florianópolis, desativado na metade da década de 1960.
Com o aterro, o espaço antes ocupado pela ilha recebeu uma das colunas de sustentação da Ponte Colombo Salles.
Os registros fotográficos mostram duas construções diferentes: a mais antiga, de estilo residencial, com dois andares, aparece em fotos da década de 1920, durante a construção da Ponte Hercílio Luz.
Em imagens posteriores aparece o prédio em forma de castelinho.
Após o complexo ser desativado, uma mulher conhecida como Dona Bela passou a morar no local.
Quem conta é o manezinho Luiz Carlos Dutra de Mello: “Essa senhora morou sozinha na ilha durante muitos anos. Tinha uma batera e com ela ia todos os dias ao Mercado Público para fazer as suas compras”.
Diretor do Clube de Remo Aldo Luz, Mello nasceu numa residência embaixo da Ponte Hercílio Luz e acompanhou o processo de desaparecimento da Ilha do Carvão. “É uma pena que acabaram com essa parte da história da cidade”, lamenta.
Era uma pequena ilha que foi engolida por outra, maior e com ares expansionistas, a ponto de o desaparecimento físico ser seguido por seu análogo, talvez mais dramático, que é o esquecimento definitivo, inexorável, da memória coletiva. Num texto inspirador, o poeta fala em “desaparição” e na estranha sensação de chegar à extinta ilhota a pé, porque o mar foi tomado pelo aterro e as rochas remanescentes serviram de base para um dos pilares da ponte que acalmou, por algum tempo, o ânimo dos motoristas da cidade.
Dennis Radünz, o poeta, e Fábio Brüggemann, artista de múltiplos voos, transformaram a saudade de uma ilha que nunca conheceram neste pequeno, porém impactante filme.
Textos: 1/2/3/4-floripacentro.com.br, 5-ndmais.com.br

Fotos: Acervo Bruxo-els, Postal Colombo

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