Saint-Hilaire em 1820 esboçou a aparência da cidade, com destaque para a sua praça principal:
"A cidade de Santa Catarina, também chamada de Desterro, é muito comprida mas de pouca largura. A cidade é dividida em duas partes desiguais por uma grande praça, que ocupa quase toda a sua largura e vai em declive suave até a beira d'água. A praça retangular é coberta de uma fina relva, medindo aproximadamente noventa passos de largura por trezentos de comprimento desde a beira d'água até a igreja paroquial, onde termina. Essa igreja, dedicada a Nossa Senhora do Desterro, prejudica a simetria da praça. Não tiveram o cuidado de construí-lá a igual distância das duas fileiras de casas, além de a colocarem em posição obliqua em relação à beira do mar. Ela é grande e tem duas torres, mas não me pareceu que tivesse uma largura proporcional à sua altura. Sobe-se até ela por uma rampa margeada por dois muros de arrimo, a qual vai desembocar numa pequena plataforma em meia lua. Na base dessa elevação há uma alta palmeira, cuja elegante folhagem, que se agita à mais leve brisa, contrasta com a imobilidade do prédio ao qual ela serve de ornamento...
Já a foto é da expedição espanhola de 1862, numa das imagens mais antigas de Desterro.
Observa-se que entre o texto de 1820 e o registro fotográfico de 1862 nada mudou na praça da Matriz.
Descrição de Virgílio Várzea, por volta de 1900:
O largo XV de novembro, no coração da capital, estendendo-se desde o alto da matriz até o principal cais de desembarque, tem um jardim ao centro, magnífico e moderno, todo gradeado em redor, e onde se erguem uma pequena cascata, um interessante chalet chinês, arbustos, flores, gramados...
Com as grades ao redor da praça, como descrito por Várzea, com a reforma em andamento do palácio do Governo, que seria concluída em 1898, e com a elegância dos "rapazi" e das charretes, podemos concluir que a imagem abaixo é dos anos 90, do século XIX.
Ao encerrar-se o século XIX e entrar no século XX, a praça XV receberia novas unidades arquitetônicas que, aliadas as obras públicas de saneamento de esgotos e de iluminação urbana, lhe trariam uma configuração mais dinâmica. A paisagem da praça começou a se estruturar de forma mais harmônica, agregando outros edifícios cuja qualidade estética conferiu unidade ao conjunto. No ano de 1912 foi retirado o muro com grades que circundava a praça desde 1891.
Nas primeiras décadas do século XX, residências, repartições públicas, edifícios comerciais e hotéis somados às obras de embelezamento da cidade transformaram a praça XV de Novembro, amenizando seus ares de província. Renovou-se o casario, verticalizando-se, vestindo-se de uma arquitetura nova, ora Art Nouveau, ora Art Decô, ainda Neoclássica e frequentemente Eclética.
A praça XV de novembro, ao findar da década de 30, já estava com sua urbanização concluída. Enaltecendo a sua aparência, assim foi descrita por um jornal da terra:
"Aformozeamento da capital.
A praça XV com o lindo jardim Oliveira Belo, saguão principal da cidade heróica de Dias Velho, ostenta, nos dias presentes, uma tal magnificência, que cativa e encanta o forasteiro.
Cercada por construções de apreciável arquitetura, com ruas amplas e bem calçadas, inundadas de perfumes de árvores e flores. Os edifícios vão se erguendo e os projetos de novas fachadas que todos os dias surgem, revelam o propósito dos proprietários, de secundarem a ação do poder público, para o rápido embelezamento da capital. O novo mercado, o trapiche municipal já pronto e o cais a estender-se à direita e esquerda, são melhoramentos de vulto".
Texto: Livro Florianópolis Memória Urbana de autoria de Eliane Veras da Veiga
Fotos: Acervo Bruxo-els, Coleção Rogério Santana
Texto: Livro Florianópolis Memória Urbana de autoria de Eliane Veras da Veiga
Fotos: Acervo Bruxo-els, Família Elpo, Coleção Rogério Santana
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