A EXPANSÃO DO NÚCLEO URBANO

Os antigos arrabaldes foram se adensando tendo preenchidas as lacunas não edificadas com construções de melhor padrão. As distâncias tornaram-se menores, à medida que as ruas foram melhoradas e novas vias abertas, com dimensões um pouco maiores. As ruas passaram a ser pavimentadas, a contar com arborização, iluminação e passeios para pedestres; as áreas livres foram paulatinamente ajardinadas. Enquanto o velho núcleo central foi consolidando suas funções de comércio e de prestação de serviços, observou- se no seu entorno, o aparecimento de bairros de cunho acentuadamente residencial. Estes fenômenos, que começaram a se esboçar no final do século XIX, assumiram nitidez por volta de 1930.
 A LESTE DA PRAÇA

A expansão à leste foi se processando, num primeiro momento, em função dos serviços militares, hospitalares e religiosos estabelecidos naquela região. A necessidade de um contato terrestre com os núcleos de colonização ao sul da ilha incrementou este eixo e a ocupação foi intensificada com o saneamento e a urbanização daquela região.
A OESTE DA PRAÇA
Inicialmente o caminho que partia da face oeste da praça levava ao antigo cemitério e aos atracadouros das embarcações que faziam a travessia para o continente. Por ali se alcançava também a baía Norte. Com a intensificação dos serviços portuários e, mais tarde, com a construção da ponte Hercílio Luz, novos acessos viários deram continuidade às ruas Conselheiro Mafra e Felipe Schmidt, valorizando ainda mais os eixos comerciais no sentido oeste.
AO NORTE DA PRAÇA
Ao mesmo tempo em que o centro urbano foi se alongando e adensando nos sentidos leste e oeste, outros vetores do crescimento da cidade se irradiaram em direção ao norte, preenchendo as áreas do centro do polígono, até então ocupadas por extensas chácaras.
No final do século XIX, era comum que as residências localizadas nas chácaras apresentassem evidências vulgarmente encontradas na arquitetura urbana, tanto no sentido plástico como funcional, refletindo o modo de habitar dos mais abastados.
Estas chácaras foram aos poucos perdendo suas características e também seu território. Com o tempo, novos moradores se estabeleceram nas vizinhanças, em eixos viários que foram abertos, o que contribuiu decisivamente para o desaparecimento de vastos pomares.
Nestes novos bairros, formados pelos eixos das atuais avenida Mauro Ramos, rua Esteves Junior, rua Almirante Lamêgo, rua Bocaiúva, avenida Hercílio Luz, rua Presidente Coutinho e avenida Rio Branco, os lotes às vezes eram ainda amplos, com pequenas chácaras, reservando, em geral, espaço para um jardim ao lado. Mas as soluções eram variadas e os bairros desse tempo, principalmente aqueles destinados às camadas mais abastadas, tinham sempre uma aparência heterogênea. As residências ecléticas surgiram como uma proposta de conciliação entre os estilos, como um veículo estético eficiente para a assimilação de inovações tecnológicas de importância e para a adoção de soluções plásticas e construtivas mais complexas, que evidenciassem o prestígio financeiro dos seus proprietários.
Na imagem abaixo, datada da década de 50, é possível observar muitas destas residências, tanto na arborizada avenida Hercílio Luz como na ainda não pavimentada avenida Mauro Ramos.
Texto: Livro Florianópolis Memória Urbana de autoria de Eliane Veras da Veiga, adaptado por Ricardo Borges

Foto: Coleção Rogério Santana, Família Elpo, Acervo Bruxo-els

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