O nome de Coqueiros é uma referência direta à árvore homônima, já que os coqueiros que ali existiam costumavam identificar a área em outros tempos. Um fato bastante curioso a esse respeito é que, por viverem em um bairro cujo nome está no plural, vários dos moradores de Coqueiros têm o hábito de dizer que moram “nos Coqueiros”. Por muito tempo, a localidade pertenceu ao município de São José.
Abaixo, os primórdios da bela região, antes da urbanização.
Um dos primeiros registros a respeito de Coqueiros data do fim do século XVIII, quando o governador da Capitania de Santa Catarina divulgou um relatório que apresentava os melhores locais para a produção de alguns gêneros alimentícios. No entanto, a ocupação efetiva da região só aconteceu no século XIX, com a construção da primeira cruz e, posteriormente, da primeira capela.
Na imagem abaixo, a Praia do Rizzo, que dá inicio ao complexo das diversas praias de Coqueiros. O topônimo Rizzo vem aparecendo com grafia equivocada em todos os mapas recém editados que colocam a palavra riso como indicando a ação de rir quando de fato deriva ele do nome, ou melhor, do sobrenome de origem italiana, de um morador e empreendedor da região já falecido, engenheiro conhecido como "o Doutor Rizzo". Podemos observar também o Saco da Lama, que foi aterrado e hoje é o Parque de Coqueiros. Foto do final da década de 60.
Ainda no século XIX, Coqueiros passou a receber a visita de lanchas movidas a vapor, que realizavam o transporte entre Ilha e Continente. Tamanha modernidade contrastava fortemente com o modo de vida dos habitantes do pequeno povoado, que viviam basicamente da agricultura e da pesca, acreditavam nas histórias fantásticas contadas por seus antepassados e tinham nos eventos promovidos pela igreja um importante meio de sociabilidade.
Não foi possível descobrir quando e, por quem, a Praia dos Coqueiros foi pela primeira vez subdividida em várias novas praias e também quando uma delas tivesse recebido o topônimo da Saudade. E, da Saudade, porque? Segundo foi possível verificar nos mapas e plantas disponíveis até 1943 quando Coqueiros deixou de pertencer a São José para integrar o território municipal da Capital, que ainda não existiam os diversos nomes hoje existentes. Após 1945, mais precisamente em 1948, entram em usos os topônimos da Saudade e de Itaguaçu. Assim, podemos considerar que a atual denominação tenha ocorrido em 1948, quando a Nova Câmara Municipal de Florianópolis edita uma lei reestruturando e restabelecendo, ou ainda criando, os Distritos Municipais. No ano de 1954, o Clube Doze de Agosto, instala a sua primeira sede balneária, na Praia da Saudade, e consolidando a função que esta praia assumira desde 1945, quando foi fundado o Coqueiros Clube (vendido ao doze). Coqueiros, tornou-se um bairro de elite e seu centro referencial ficou junto à Praia da Saudade, pois era ali que estava a Igreja Matriz da Comunidade.
Abaixo, a Praia da Saudade em 1960, em uma foto posteriormente colorizada.
Ao longo do século XX, o mar ganhou ainda mais importância em Coqueiros. Em 1907, a Escola de Aprendizes Marinheiros mudou-se para a região, ocupando o antigo prédio que, no passado, havia sido a Hospedaria dos Imigrantes e, mais recentemente, abrigou a Secretaria de Turismo de Florianópolis. Já na década de 1920, com a construção da ponte Hercílio Luz, tanto a praia de Coqueiros quanto outros balneários do continente caíram na graça das famílias abastadas de Florianópolis como áreas favoráveis ao lazer. Isso fez com que a região ganhasse um novo cais em 1928.
A Praia do Meio tem as mesmas origens da Praia da Saudade, pois trata-se de uma subdivisão popular e eficiente levada a efeito pois tem características de praia independente das demais vizinhas. Como balneário também é função recente e que durou sem dúvida muito pouco enquanto pelo acréscimo populacional local. Na imagem abaixo, um movimentado domingo no começo da década de 70.
Durante a década de 1930, surgiram em Coqueiros diversas estruturas e estabelecimentos ligados ao lazer, como trapiches, trampolins, clubes e restaurantes. Nesse período, muitas famílias construíram suas residências de veraneio por ali também. Por outro lado, a construção da Ponte Hercílio Luz fez com que as travessias de barco entre Ilha e Continente praticamente se extinguissem.
A praia do Castelinho é mais uma das praias que compunham no conjunto a Praia dos Coqueiros à época do Distrito de João Pessoa, e mesmo após sua integração à área urbana da Capital do Estado. A Partir de 1952, passou a ser popularmente denominada de Praia do Ferro, em referência ao sobrenome do proprietário da Ponta do Itaguaçu, onde esta pequenina praia está situada. Com a instalação no local, da casa do Senhor Ferro, uma residência com arquitetura de um castelo, veio a denominação de Praia do Castelinho, e, na atualidade, como é a sede balneária da Associação Atlética do Banco do Brasil-Florianópolis, passou a ser conhecida também pelo nome de Praia da AABB.
Em uma viagem ao Rio de Janeiro, o interventor federal Nereu Ramos teve contato com uma pesquisa que apontava Florianópolis como uma das três menores capitais brasileiras. Assim que voltou para a cidade, sua primeira atitude foi formar uma comissão para a revisão territorial de Santa Catarina. O resultado dessa comissão foi o decreto nº 951 de 1944, que anexou os bairros de Estreito, Capoeiras, Itaguaçu, Abraão e Coqueiros à capital.
A Praia de Itaguaçu é uma das mais belas paisagens marítimas do Município de Florianópolis. Sua denominação também é bela e muito tradicional, pois deriva do tupi-guarani. Os Carijós chamavam de Itaguaçu a formação de uma grande rocha, dentro d`água, quase ao centro da praia. Itaguaçu, queria dizer pedra grande e redonda dentro d`água. Ou ainda, cabeça de pedra dentro d`água. Esta a origem do topônimo. A denominação da Ponta de Itaguaçu, já estava registrada nos mapas desenhados no século XVII.
Os balneários do continente permaneceram como os favoritos dos moradores de Florianópolis até a década de 1960. Contudo, alguns fatores contribuíram para o comprometimento dessa posição: a poluição que atingiu as praias próximas ao centro da cidade, a inauguração da Ponte Colombo Salles e a construção de estradas que facilitaram o acesso ao interior da Ilha de Santa Catarina.
A denominação da Praia das Palmeiras foi adotada a partir de aproximadamente 1968, quando à ela chegou para construir residência e morar, junto à essa praia, o Professor Edmond Duarte Nader, que se orgulhava de a tê-la batizado com esse topônimo, por ter como panorama, algumas palmeiras, e até então não ter tido nenhuma denominação efetiva. Na verdade, era uma praia que integrava o complexo da Praia dos Coqueiros, aliás, seu último trecho ao sul, somente separado da Praia de Itaguaçu, por uma pequena ponta de pedras. Pode-se considerar que de fato há uma continuidade da faixa de areia. Como, no entanto, o povo aceitou a denominação e a consagrou, não há porque não mantê-lo. Contudo é dever registrar que lá não existem palmeiras, porém coqueiros.
Da década de 1970 em diante, o que se pôde constatar foi um verdadeiro fenômeno de especulação imobiliária, tanto em Coqueiros quanto nos bairros vizinhos. Consequentemente, houve também um acelerado processo de urbanização, onde os humildes ranchos de pescadores e os antigos casarões de veraneio passaram a conviver com loteamentos residenciais de alto padrão.
Todo o final da orla marítima após a Praia dos Coqueiros, indo até o Riacho Araújo, que separa os Municípios de Florianópolis e São José, ao sul era conhecido e denominado como Praia das Furnas, pelo menos, estão a confirmar os diversos mapas consultados e datados antes de 1945, 1943 é o ano em que essa área veio para Florianópolis. Com aquelas alterações territoriais entre São José e Florianópolis, a região de Coqueiros, e das Furnas, passaram por grandes transformações urbanas. A área que organiza o bairro residencial Bom Abrigo, começou a ser montada por uma imobiliária, que a loteou, indo até a praia, a qual denominou de Bom Abrigo, nome antes não adotado. Os senhores Almir Saturnino de Brito e Coronel Américo Silveira D`Ávila, foram os primeiros adquirentes e também corretores das vendas e portanto iniciantes dessa modificação geográfica. Remonta este início ao ano de 1948. Nascia então, nessa época a Praia do Conjunto Residencial do Bom Abrigo. Por isso, a praia local passou a ser denominada de Praia do Bom Abrigo. Na verdade é o que ela proporciona: um bom abrigo. Sendo assim, um topônimo adequado e bonito.
Textos: guiafloripa.com.br, Facebook/100 praias de Florianópolis
Fotos: Coleção Sebastião Bonnassis, Acervo Bruxo-els, Acervo Napoleão, Acervo UFSC
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