O PORTO E O POLO INDUSTRIAL

Nos meados do século XIX, a localização de ofícios e atividades industriais e comerciais obedecia principalmente a preocupações de urbanismo e de higiene. Com essas preocupações é que as Câmaras Municipais geralmente limitavam a venda de peixe e carne nas ruas próximas das praias e que proibiam também as lavações em bicas e chafarizes. Ao mesmo tempo, indústrias como as de pele eram proibidas de deitar couros de animais para enxugar junto às praias próximas da cidade. Eram rotineiras as posturas municipais proibindo curtir couros, salgá-los e fazer cola na cidade e povoados do seu termo. Isto foi contribuindo para induzir o afastamento das zonas de caráter industrial e manufatureiro para as extremidades da cidade. Ligadas ao porto, foram se instalando nas regiões de Rita Maria e Estreito. Os estaleiros e as fábricas, notadamente as de maior porte, que foram os empreendimentos de Carl Hoepcke, reforçaram a aparência industrial da região.
Com o crescimento da população urbana e com a multiplicação das oportunidades comerciais, a setorização de atividades se impôs, atendendo a todo um ramo de ofertas de bens e serviços. As indústrias locais limitaram-se a produção de alguns tipos de bens de consumo, como móveis, chapéus, café torrado, telhas de cimento, vinagre, bebidas, sabão, caramelos, fogos de artifício, cigarros, massas alimentícias, açúcar refinado, e gelo principalmente.
O centro comercial foi se confundindo com o núcleo histórico original, mas uns de seus principais eixos de expansão, a oeste, foi se especializando na exploração das atividades portuárias, exportadoras, importadoras e fabris.
Além da Fábrica de Pontas e da Fábrica de Rendas e Bordados, outras indústrias destacaram-se na região. Também existiam lá três fábricas de cerveja, salientando-se a de Daniel Krapp e a de Antônio Freyesleben, que exportava o seu produto para o sul do estado; duas fábricas "de preparar peixe em lata"; uma de sabão e velas; uma de massas alimentícias; um engenho para pilar arroz e café e numerosos engenhos para preparar farinha de mandioca. Importante salientar também a presença de oficinas de carpinteiro, marceneiro, tanoeiro, funileiro e torneiro, tendo a maioria ligação com as atividades portuárias.
Se por um lado, o setor industrial despontou tardiamente e teve expressão limitada, já a atividade portuária distinguiu-se por alguns momentos de crescimento e dinâmica, implementados pela existência dos navios Carl Hoepcke, Max e Anna, dentre outros, e pelos pequenos estaleiros e depósitos de mercadorias, hotéis e outras atividades acessórias ao porto. Na década de 40, o porto de Florianópolis ainda era periodicamente visitado por navios de bandeiras estrangeiras.
Apesar de sua importância para a cidade, muitas dificuldades contribuíram para a desativação paulatina do porto. A falta de organização portuária apropriada, a deficiência dos guindastes e a reduzida capacidade de embarque e desembarque de carga somaram- se à limitação que o baixo calado do porto representava, impondo riscos às cargas e prejuízos portuários, que foram aos poucos desestimulando os armadores a aceitar fretes para Florianópolis.
Apesar de sua importância para a cidade, muitas dificuldades contribuíram para a desativação paulatina do porto. A falta de organização portuária apropriada, a deficiência dos guindastes e a reduzida capacidade de embarque e desembarque de carga somaram- se à limitação que o baixo calado do porto representava, impondo riscos às cargas e prejuízos portuários, que foram aos poucos desestimulando os armadores a aceitar fretes para Florianópolis.
Na descida da rua Hoepcke em direção ao porto formou-se a concentração mais homogênea de habitações ocupadas por operários. Ali, as casas geminadas eram originalmente idênticas. Térreas, de pequenas dimensões, apresentavam entrada frontal e cobertura em duas águas, com caimento no sentindo transversal. Os lotes são estreitos em sua testada e alongados, a exemplo dos coloniais.
Ainda permanecem assim no século XXI.

Texto: Livro Florianópolis Memória Urbana de autoria de Eliane Veras da Veiga
Foto: Acervo Velho Bruxo, Coleção ELS

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