ANOS 50: O MODERNISMO CHEGA À ILHA

Na metade do século passado a pequena e pacata Florianópolis começa a ganhar novos ares com a construção de grandes edifícios com características modernistas.
Mas afinal, o que é arquitetura moderna?
A arquitetura moderna é um estilo que surgiu no século XX como um movimento de oposição à arquitetura que vinha sendo feita até então - mais rebuscada e com excesso de ornamentos. Com a criação da Escola Bauhaus, por iniciativa do arquiteto alemão Walter Gropius, começa essa nova fase da arquitetura.
No Brasil, a arquitetura modernista se iniciou nas primeiras décadas do século XX e atingiu seu ápice nos anos 1950, tendo como principais expoentes Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
O estilo moderno na arquitetura privilegia o simples e a função social das obras. As construções modernistas rejeitam as arquiteturas com elementos decorativos e ornamentais e empregam formas geométricas e linhas simples. Na arquitetura modernista "menos é mais" e "a forma segue a função".
Principais características:
  • As construções são funcionais, planejadas de acordo com o uso que as pessoas farão delas.
  • Há integração da arquitetura à natureza e à paisagem do entorno.
  • Rejeitam-se elementos decorativos, ornamentais e supérfluos.
  • Utilizam-se linhas e formas geométricas definidas.
  • As construções são limpas, econômicas e úteis.
  • Acabamentos em concreto aparente em detrimento ao reboco e à pintura.
  • Utilização de pilotis (espécie de coluna) para liberar espaço na parte térrea dos edifícios.
Na imagem abaixo, podemos observar várias destas construções, dentre eles o IAPC e o IPASE, na praça Pereira Oliveira, o edifício da Diretorias, na rua Tenente Silveira, e o edifício Zahia, na Felipe Schmidt.
Década de 60.
PALÁCIO DAS SECRETARIAS
Três governadores foram responsáveis por mudanças significativas no panorama urbano da cidade. O primeiro foi Irineu Bornhausen (1951-1956), que construiu o Palácio das Secretarias, ao lado do Palácio Cruz e Sousa, que posteriormente, e por muito tempo, sediou a Secretaria da Fazenda.
Tem aspecto monumental, de aparência antiga, mas é considerado um exemplar da arquitetura “clássica modernizada” pelos pesquisadores do ramo.
Sua construção exigiu a demolição de um quarteirão inteiro de casarões coloniais, muitos dos quais do início do século 19. O consolo é que o belo deu lugar ao belo, coisa que nem sempre acontece em Florianópolis.
Década de 50. Concepção artística do edifício.
Década de 60.
Década de 60.
Década de 70.
INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
Foi no governo de Jorge Lacerda (1956-1958) que se deu início às obras do Instituto Estadual de Educação, ícone do ensino público em Santa Catarina.
Suas principais características são: grandes fachadas, as amplas janelas de vidro, a horizontalidade, os pilares em V e amplos pátios internos.
Seus arquitetos foram Flávio de Aquino e e Olavo Reidig de Campos, ambos fortemente influenciados pela chamada Escola Carioca da Arquitetura Moderna Brasileira, e o engenheiro foi José da Costa Moellmann, que dá nome a uma das ruas que circundam a escola.
Década de 50. Maquete.
Década de 60
PALÁCIO DAS DIRETORIAS

Após a morte de Jorge Lacerda no final da década de 50, Heriberto Hülse assume o governo e inaugura em 1961 o Palácio das Diretorias, hoje chamado de Edifício das Diretorias, na Rua Tenente Silveira, destinado a concentrar importantes diretorias do governo, como o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), o DAE (Departamento Autônomo de Edificações) e o DEE (Departamento de Estatística do Estado).
O autor do projeto, o engenheiro Domingos Trindade, buscou inspiração fora de Santa Catarina – o prédio é identificado com o antigo Ministério da Educação e Saúde, localizado no Rio de Janeiro e construído em 1945.
Trouxe para Florianópolis as soluções técnicas e estruturais características do modernismo, como a planta livre, a fachada livre e os pilotis integrando o prédio a circulação de pedestres na rua. O formato do prédio, em L, se abre para um pátio onde fica o estacionamento. Na fachada sul as janelas são em fita, favorecendo a ventilação cruzada, e nas outras fachadas, estas janelas em fita tem brises de concreto.
Década de 50. Ao fundo, o edifício em construção.
Década de 60.
Década de 60.
Dias atuais.
Dias atuais.
EDIFÍCIO MERIDIONAL
“A Capital está de parabens. O soberbo edifício da Praça XV vem dar-lhe novo aspecto. Mais um marco de progresso”.
Esta descrição é o início da reportagem do jornal O Estado de 19 de setembro de 1959, data da inauguração do edifício Meridional, no Centro da Capital.
O prédio de 10 andares sediaria a “majestosa sede da filial do Banco Nacional do Comércio”, segundo a mesma matéria jornalística.
Década de 60 e dias atuais.
A VERTICALIZAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO
A capital de Santa Catarina, no início do século XX, era uma cidade provinciana e sua estrutura fundiária resumia-se ao atual centro histórico. No entanto, diversas modificações urbanas tiveram início graças à construção civil, responsável por novos investimentos.
A integração entre continente e ilha era feita por meio de balsas e ferry boats. Com a construção da Ponte Hercílio Luz em 1926, houve alteração na dinâmica da cidade não somente em relação ao transporte, agora mais ágil, mas, principalmente, pela relação comercial.
Na década de 50 despontam os primeiros grandes edifícios com características modernistas na ilha.
A instalação de diversos órgãos do governo nos anos de 1960, principalmente a Universidade Federal de Santa Catarina, atraiu um significativo crescimento e desenvolvimento para a cidade e, consequentemente, para a expansão urbana do município. Na segunda metade da década de 1960, com crescimento lento, porém, definitivo, teve início a expansão vertical no centro da cidade.
A preocupação estética e conceitual, que existia nos poucos edifícios erguidos na década de 50, deu lugar a partir da década de 60, a especulação imobiliária e a uma arquitetura de caráter comercial de gosto duvidoso, salvo algumas exceções.
Textos: 1-significados.com.br, 2-ndmais.com.br, 3/4-Wikipédia e ndmais.com.br, 5- floripacentro.com.br, 6-scielo.br, todos adaptados por Ricardo Borges

Fotos: Acervo Bruxo-els, Acervo Rogério Santana

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