RIACHUELO, MARTINELLI E ALDO LUZ

 Uma sociedade que ansiava por modernidade: é neste contexto que a prática do remo surgiu em Florianópolis, adotando a forma de ícone propagador de um novo estilo de vida, onde o culto à beleza e às transformações políticas e sociais apareceram como impulsionador de uma diretriz modernizante da sociedade refletora de um novo Brasil. O caráter elitista e a busca pela consolidação burguesa em um estado com características provincianas ainda muito fortes ocasionaram uma segregação entre camadas baixas e altas da população na prática de um esporte que posteriormente à Segunda Guerra Mundial tornou-se mais hegemônica entre a população, com a participação de pessoas menos abastadas financeiramente, dentro dos clubes e das regatas. Assim os conceitos de civilidade, modernidade e progresso evidenciaram-se na prática do remo como um símbolo de uma nova conduta comportamental, que a elite urbana emergente buscou incessantemente, no início do século XX.
Fundado em 1915 no canal Rita Maria, o Clube Náutico Riachuelo, trazia as cores azuis e brancas em seu brasão, em homenagem a Guerra do Paraguai.
A fundação do Riachuelo está inteiramente ligada aos comerciantes do centro, que apontaram numa prática de exercício moderna e ligada às inovações sociais da capital federal a consolidação na participação da alta sociedade no remo e em suas interações entre as agremiações.
O segundo clube a ser fundado foi o Francisco Martinelli, que tinha as cores vermelho e preto como homenagem a um naufrágio de uma viagem da escola naval em 1913. A fundação do clube significou à abertura de opções para as competições de regatas, e caracterizou-se pela posição não elitizada de seus participantes e associados.
A sede do grupo era situada na baía norte, transferindo-se, algum tempo depois, para o
centro comercial, onde, devido à sua localização, foi eleito o preferido da população, restando ao Riachuelo o apoio dos que moravam nas redondezas do cais.
Em 1918, surge o Clube de Regatas Florianópolis, com as cores branco e vermelho. O nome do clube foi mudado posteriormente para Clube de Regatas Aldo Luz, pois houve uma rejeição da população ao nome Florianópolis, pois este simbolizava a mudança de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis, feita de modo autoritário por Floriano Peixoto.
Como conseqüência da fundação do terceiro clube surgiu, em 1919, a Federação Catarinense de Desportos Aquáticos, que alcançou o mérito de organizar o remo no estado e elevar o número de competidores e das competições.
O Riachuelo, por exemplo, era ligado as famílias Muller, Mund, Mortiz e Hoepcke; todas as famílias de origem germânica. Lá o clube de regatas Francisco Martinelli era integrado por comerciários. O clube Aldo Luz foi comandado eternamente por Aderbal Ramos da Silva, governador, deputado,e mandante perpétuo da política catarinense.
A torcida organizada das regatas formada não somente por homens, era um espetáculo à parte perante as competições do remo, pois mulheres participavam da torcida com as cores dos clubes que defendiam, incentivando fervorosamente as regatas, e participando das premiações.
(...). Ao longo do cais Miramar no trapiche da Rita Maria, publico de 6.000 torcedores se aglomeravam para acompanhar as disputas dos páreos. As bandas da Força Pública e amor a Arte, executavam as músicas de sucesso da época ao longo da competição. Os pequenos navios, em posições estratégicas, ficavam lotados de torcedores uniformizados. Eram comuns nos dias que antecediam as regatas, os torcedores trocarem farpas acusando ou saudando seu clube ou seu atleta.
BIBLIOGRAFIA: A PRATICA DO REMO EM FLORIANOPOLIS, GABRIELLI ZANCA, UFSC

Nenhum comentário: